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ARTIGOS

RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR E FUTEBOL FEMININO: DADOS ATUAIS QUE O FISIOTERAPEUTA DEVE CONHECER

RFD Nº20

RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR E FUTEBOL FEMININO: DADOS ATUAIS QUE O FISIOTERAPEUTA DEVE CONHECER

Beatriz Lopes
Centro de Performance, Reabilitação e Otimização Desportiva

INTRODUÇÃO

De acordo com a UEFA, em 2017, estavam inscritas na Europa cerca de 1.4 milhões de atletas de futebol feminino, sendo 3.600 delas profissionais ou semiprofissionais (Hallén et al., 2024). Em Portugal, segundo o Portugal Football Observatory, entre a época de 2012/2013 e 2022/2023, o número de atletas de futebol inscritas cresceu 326% (Observatory, 2024). O aumento constante do número de atletas, neste desporto, tem sido acompanhado pelo aumento do número de lesões e, consequentemente, o número de estudos relativos às mesmas. Duas revisões recentes reportaram incidências de lesão semelhantes para atletas profissionais de futebol masculino e feminino: 5.6-5.7 lesões por 1000 horas no total, 3.2-3.3 em situações de treino e 19.1-19.5 em situações de jogo (Mayhew et al., 2021) (Horan et al., 2023) (Hallén et al., 2024). Contudo, a incidência da lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) em atletas femininas é cerca de 2 a 8 vezes superior, comparativamente aos masculinos (Mancino et al., 2024). Este artigo tem como objetivo apresentar a evidência mais recente no que diz respeito à ruptura do LCA, especificamente nas atletas de futebol feminino.

EPIDEMIOLOGIA DA LESÃO

No estudo mais recente realizado com 596 atletas femininas de 15 equipas profissionais de futebol durante duas épocas, a lesão do ligamento cruzado anterior foi a segunda lesão ligamentar de joelho mais frequente, representando cerca de 2% de todas as lesões. Um plantel com 23 jogadoras apresentou cerca de 0.7 lesões do LCA por época. A incidência total da lesão foi de 0.1 lesões por 1000 horas, sendo em situações de jogo 9 vezes superior a situações de treino (Hallén et al., 2024).

A média de dias sem jogar foi de 292 dias e o “burden” médio foi de 38.0 dias perdidos por 1000h, sendo seis vezes superior para o jogo (117.0/1000 h), comparativamente ao treino (18.5/1000 h) (Hallén et al., 2024).

Cerca de 64% das lesões do LCA ocorreram sem mecanismo de contacto, sendo a mudança de direção (48%) e a aterragem/salto (24%) os mecanismos mais frequentes. Sofrer um corte foi o mecanismo mais comum nas lesões por contacto, representando cerca de 42% das mesmas (Hallén et al., 2024).

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