ARTIGO
Comparação da Força de Reação do Solo em Saltos Unilaterais em
Atletas de Basquetebol com e sem História de Lesão Anterior
RFD Nº10
Comparação da Força de Reação do Solo em Saltos Unilaterais em Atletas de Basquetebol com e sem História de Lesão Anterior
Mónica Sofia Marques Lopes1 · António Júlio Apóstolo Pereira Coutinho2 · Beatriz Manata Santos1 · Catarina Elisabete Gonçalves Leitão2 · Igor Balduíno Dias1 · Orlando de Jesus Semedo Mendes Fernandes3
1Fisioterapeuta Licenciado na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias Instituto Politécnico – Castelo Branco;
2Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias do Instituto Politécnico de Castelo Branco
3Professor Auxiliar (Departamento de Desporto e Saúde) da Universidade de Évora
RESUMO
Objetivos: Comparar a Força de Reação do Solo medida unilateralmente através do Countermovement Jump unilateral em basquetebolistas com e sem lesões anteriores
Materiais e métodos: Estudo transversal retrospetivo comparativo correlacional, realizado na ESALD no ano letivo 2021/22, com uma amostra de conveniência de 33 indivíduos. Foi preenchido por cada participante o Questionário de Caracterização do Atleta. Posteriormente, foi realizado o aquecimento seguido de squat jumps e Countermovement Jumps para familiarização do salto. Após descanso de 5 minutos, foi executado o teste Countermovement Jump unilateral, sem balanço de braços, na plataforma de forças. Foi utilizado o melhor salto de cada membro (baseado na altura) para obter os valores de Força de Reação do Solo necessários para calcular o índice de assimetria entre membros inferiores e foi comparado índice de assimetria com prevalência de lesões anteriores, sendo a análise estatística realizada através do Software Jamovi versão 2.2.5. para o Windows.
Resultados: Foi verificado que a existência de lesões anteriores nos membros inferiores está relacionada com força de reação do solo maior, somente no membro inferior dominante (p=0,007); atletas com maior prevalência de lesões anteriores apresentam maior risco de lesão no membro inferior dominante (p=0,044); indivíduos com maior índice de massa corporal apresentam maior risco de lesão no membro inferior dominante (p=0,022); atletas com idade maior, apresentam risco de lesão mais elevado no membro inferior dominante (p=0,004); e atletas com mais anos de prática desportiva, apresentam maior risco de lesão do membro inferior dominante (p=0,028).
Conclusão: Não é possível afirmar que o índice de assimetria entre membros inferiores está relacionado com prevalência de lesões anteriores. Contudo, é possível afirmar que uma equipa que tenha na sua composição um Fisioterapeuta, será uma equipa melhor preparada, tendo em conta o papel importante que este profissional de saúde pode ter na ajuda de preparação física, com um impacto enorme na prevenção de lesões.
ABSTRACT
Objectivs: To compare the Ground Reaction Force measured unilaterally through the unilateral Countermovement Jump in basketball players with and without previous injuries.
Materials and methods: Correlational comparative retrospective cross-sectional study, carried out at ESALD in the academic year 2021/22, with a convenience sample consisting of 33 individuals. The Athlete Characterization Questionnaire was filled out by each participant. Subsequently, the warm-up was performed followed by squat jumps and Countermovement Jumps to familiarize the jump. After a 5-minute rest, the unilateral Countermovement Jump test was performed, without arm swing, on the force platform. The best jump of each limb (considering the height) was used to obtain the values of Ground Reaction Force necessary to calculate the asymmetry index between lower limbs and the asymmetry index was compared with the prevalence of previous injuries, being the statistical analysis performed using the Jamovi Software version 2.2.5. for Windows.
Results: It was verified that the existence of previous injuries in the lower limb’s is related to a higher ground reaction force, but only in the dominant lower limb (p=0.007); athletes with a higher prevalence of previous injuries have a higher risk of dominant lower limb injury (p=0,044); individuals with higher body mass index have a higher risk of dominant lower limb injury (p=0.022); older athletes have a higher risk of injury in the dominant lower limb (p=0.004); and athletes with more years of sports practice, have a higher risk of dominant lower limb injury (p=0.028).
Conclusion: It is not possible to state that an asymmetry index between lower limbs is related to the prevalence of previous injuries. However, it is possible to say that a team that has a physical therapist in its composition will be a better prepared team, considering the important role that this health professional can play in physical preparation, with a huge impact on injury prevention.
PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS
Basquetebol; lesão; Countermovement Jump; força de reação do solo; Fisioterapia.
Basketball, injury; Countermovement Jump; ground reaction force; Physiotherapy.
INTRODUÇÃO
O basquetebol é um desporto de alta intensidade, intermitente1-3 que envolve acelerações, desacelerações, mudanças de direção, saltos e misturas de todas estas componentes.2-6 É necessária boa capacidade fisiológica, aeróbia, anaeróbia, de força muscular, agilidade, velocidade e pliometria.1,3,7 Em todas as fases de treino, deve ser tido em consideração o equilíbrio entre stresse físico e recuperação, sem risco de sobreuso.8 É importante traçar o perfil antropométrico dos jogadores, podendo estas características traduzirem-se em diferenças de classificação e até de posições em campo.1,7,9 O principal objetivo é colocar a bola no cesto, através do salto de lançamento10-12. Um jogo de basquetebol não competitivo requere uma média de 35 a 46 saltos13, e um competitivo, cerca de 70 saltos.14 A capacidade de salto está relacionada com a força dos membros inferiores, podendo ser avaliada através do Countermovement Jump Test ou do Squat Jump.1 Muitos dos saltos realizados no basquetebol a nível ofensivo e defensivo são unilaterais.2