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ARTIGO DE OPINIÃO

Os esports podem ser considerados desportos? O papel da Medicina Desportiva e a realidade em Portugal

RFD Nº09

OS ESPORTS PODEM SER CONSIDERADOS DESPORTOS? O PAPEL DA MEDICINA DESPORTIVA E A REALIDADE EM PORTUGAL

Pedro Leal

Fisioterapeuta · Nova Physio – CDUL – Lisboa · ambos – fisioterapia & performance – Amora · Seixal

INTRODUÇÃO AOS ESPORTS

O crescimento dos videojogos e das vertentes digitais de jogos de tabuleiro ou de cartas é inegável. Os esports são um negócio em expansão no qual se começam a ver players conhecidos e normalmente associados a “desportos convencionais” como, por exemplo, os Golden State Warriors (equipa da NBA, que investiu numa equipa de League of Legends), os Schalke 04 ou o Besiktas (que também têm uma equipa de League of Legends) e em Portugal também várias equipas de futebol com equipas de FIFA, como o Boavista Futebol Clube ou o Clube Desportivo de Tondela. Para além disto, grandes empresas como a RedBull, a Samsung, a KIA ou até mesmo investidores individuais como Shaquille O’Neal, Michael Jordan e Stephen Curry têm milhões de euros investidos num negócio que, só em 20181, se estima ter gerado $905,000,000 (novecentos e cinco milhões) de receita e ultrapassou a marca dos $1.000,000,000 (mil milhões) em 2021.2

Com números astronómicos como estes, começam a ver-se transferências de jogadores com cláusulas de milhares de euros (algumas atingindo até o milhão de euros), aquisições de equipas por milhões de euros e enormes investimentos em infraestrutura e logística para que nada falte a estas equipas. Tudo isto faz com que os jogadores se tornem assets extremamente valiosos para as organizações que representam e, tal como acontece em qualquer desporto, qualquer período temporal em que um jogador esteja indisponível ou no qual tenha a sua performance de alguma forma reduzida, pode significar perda de títulos e, logo, dinheiro.

Além da vertente dos videojogos enquanto competição profissional, mencionada acima, devemos também ter em conta outras duas realidades: indivíduos cuja profissão é a realização de streaming de videojogos enquanto os jogam e que, não sendo profissionais dos esports, têm neste streaming a sua, muitas vezes principal, fonte de rendimentos; jogadores de jogos de tabuleiro ou cartas, como é o exemplo do Poker, que jogam preferencialmente (ou exclusivamente) a sua vertente online e o utilizam como fonte de rendimento. Em qualquer um destes casos, bem como na supracitada realidade da competição profissional, é fácil perceber que todas as ausências forçadas e perdas de capacidade para realizar qualquer destas atividades se pode traduzir em prejuízo.

Por estas razões, nos últimos anos começa a dar-se mais alguma importância à saúde e bem-estar destes atletas e começa a ver-se um investimento sério em profissionais de saúde, sejam estes médicos, fisioterapeutas, nutricionistas ou psicólogos, por parte das organizações e equipas de desportos eletrónicos e,
consequentemente, começam a ser dados os primeiros passos na recolha de dados e produção de evidência científica nesta área.

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