ARTIGO
Lesões Desportivas em Crianças e Adolescentes
RFD Nº11
LESÕES DESPORTIVAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Adriana Leandro
Fisioterapeuta · Centro Clínico e de Fisioterapia – Torres Vedras
INTRODUÇÃO
Na sociedade atual são cada vez mais reconhecidos os benefícios da prática do exercício físico. O interesse e participação em desportos organizados em crianças e adolescentes continuam a crescer. Para além de ser um importante promotor da saúde tornou-se também num evento social e cultural, o que faz com que ganhe cada vez mais adeptos, inclusive entre as camadas mais jovens.1,2,3
É mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Consequentemente, do ponto de vista da prevenção da saúde, ao promover a atividade física em idade pediátrica, estamos a contribuir para diminuição do sedentarismo na idade adulta.4
Na infância, as crianças realizam naturalmente muitas atividades motoras, como correr, saltar, atirar, sendo estas, entre outras, habilidades motoras fundamentais. Estas estão presentes em vários desportos e jogos recreativos.5
A atividade física desempenha um papel significativo no bem-estar da criança.6 Nas últimas décadas, a participação em desportos competitivos tornou-se frequente nestas faixas etárias mais baixas, contribuiu para muitos resultados elevados de atividade física, suporte social, consciencialização corporal e autoestima.3,7 Em idade jovem, o desporto é diversão, saúde e desenvolvimento pessoal. Esse equilíbrio altera-se quando se introduz o elemento competitivo.8
Como consequência indesejada verifica-se um aumento das lesões desportivas em idade pediátrica, já que o seu sistema músculo-esquelético ainda em desenvolvimento associado a programas de treinos intensivos durante um longo período de tempo sem os adequados períodos de repouso para a recuperação da fadiga podem conduzir a lesões irreversíveis com consequências para a sua vida adulta. 9
A ocorrência de lesões desportivas, de acordo com as evidências atuais, é apontada como uma das principais causas para o abandono da prática desportiva.10
Grande maioria das lesões desportivas pediátricas podem ser evitadas, para tal é necessária a noção de que as “crianças não são pequenos adultos”, que têm uma dinâmica fisiológica própria, um corpo e mente ainda em desenvolvimento. Neste contexto, o conhecimento dos padrões de crescimento e maturação neurobiológica de cada atleta pediátrico, a avaliação das suas características físicas e psicossociais, o domínio dos fatores de risco de lesão desportiva, deve ser parte fundamental da intervenção multidisciplinar.11