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ENTREVISTAS

FISIOTERAPIA EM 11 MOMENTOS

RFD Nº12

FISIOTERAPIA EM 11 MOMENTOS

Como todos os profissionais da Fisioterapia sabem melhor do que ninguém, um caminho desafiante e com obstáculos centímetro a centímetro, metro a metro, exige uma profunda dedicação e um esforço permanente de uma verdadeira equipa. Na qualidade de diretor da Revista de Fisioterapia Desportiva percebi desde a primeira hora que nenhuma espécie de viagem pode ser abraçada sem irmos juntos. Muito menos esta, em que as descobertas, os avanços e as conquistas são diárias mas nem por isso mais pequenas.

Quando de dois em dois meses mostramos aos leitores o terreno que percorremos de mãos dadas retemperamos forças com o orgulho de ter feito o máximo para corresponder às expectativas criadas desde o primeiro número. Mas tudo isso seria insuficiente sem a preciosa colaboração e disponibilidade de quem enriquece o nosso trabalho e ajuda a suavizar a estrada. Assim, nesta edição que coincide com a passagem de mais uma quadra natalícia, tenho a elementar responsabilidade de voltar ao inicio de 2021 e enaltecer todos os entrevistados que permitiram de então para cá divulgarmos conteúdos que são também importantes coordenadas para o futuro. Fizeram-nos andar para a frente no tempo e sobretudo evidenciaram, eles próprios, que chegamos mais depressa à meta quando estamos todos na mesma página.

Muito obrigado!

Nuno Pombeiro

JOSÉ LUIS ROCHA

RFD 1

Primeiro e único fisioterapeuta do quadro do Instituto de Desporto de Portugal;
Coordenador do Setor de Fisioterapia do Centro de Medicina Desportiva de Lisboa; Direção da Clínica da Mão/Aquavida

“O jogador tinha feito uma entorse em inversão, teria causado dano nos ligamentos anteriores e posteriores. O Dr. Pereira de Castro só dizia: “Zé, é contigo, depende de ti! Passei a noite inteira com o Victor e de manhã fizemos testes no corredor do hotel com ligadura funcional. Dizia-me: “Zé, não tenho nada, posso jogar.” Jogou e marcou o golo da vitória, num livre de 7 metros! Agora repare: a bola bate na barra, ele suspende e marca na recarga! Se não ganhássemos não iríamos ao Campeonato do Mundo. Tão simples como isso. Também tive outro caso com o Carlos Resende, subluxação do ombro esquerdo. Como a cápsula estava intacta, a parte ligamentar foi imobilizada e durante três dias, com ligadura funcional, o Carlos recuperou. Na recepção de bola tinha dores mas como era um fora-de-série, como jogador e como pessoa, lá jogou…”
“O que mais me encanta nesta profissão é, sem dúvida, o facto da evolução da carreira do fisioterapeuta poder acontecer em percursos muito distintos: o clínico, o educacional, o da investigação e o da liderança e gestão. Como não são mutuamente exclusivos, os fisioterapeutas podem optar por mais do que um percurso ou até alternar entre eles durante as suas carreiras profissionais e isso, para mim, é algo fantástico. Poder exercer Fisioterapia em todos estes percursos, como no meu caso, é um privilégio. E claro, ajudar as pessoas, tenham elas condições de saúde ou sejam elas estudantes, a gerir a sua saúde ou a gerir a sua aprendizagem, é muito estimulante e gratificante. São eles os principais responsáveis pela sua saúde ou pela sua aprendizagem, eu sou um facilitador e sinto-me muito bem nesse papel.”

ADÉRITO SEIXAS

RFD 2

Presidente do Conselho Diretivo Nacional
Associação Portuguesa de Fisioterapeutas
APFISIO

ISABEL DE SOUZA GUERRA

RFD 3

Presidente da Comissão Instaladora da Ordem dos Fisioterapeutas
Ex-Presidente da Comissão Pró-Ordem da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (2016-2019)
Ex-Presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (1996-2016)

“A fisioterapia no desporto é uma área de grande diferenciação clínica, que tem tido a capacidade de se afirmar dentro das equipes onde atua como uma mais-valia indispensável, com um reconhecimento cada vez maior da comunidade não só desportiva, mas da população em geral, apresentando-se como um exemplo de um modelo de exercício responsável e autónomo.”
“É preciso notar que há muitas pessoas que contraem lesões por prática desportiva não competitiva. Diria que são 70% dos casos. Magoam-se por comportamentos em desportos associados. Fazem surf, mas também jogam futebol ou paddle, só para dar um exemplo. É preciso saber estabelecer a origem da lesão. Por vezes tem a ver com comportamentos nos ginásios, a fazer musculação, crossfit, etc. O surf como atividade lúdica é inteiramente saudável. Agora se for fazer as ondas da Nazaré, aí já entramos no campo da aventura. É outra adrenalina e os perigos são outros. As potenciais lesões já nada têm a ver com o desgaste do músculo, do tendão ou da articulação.”

NUNO MORAIS

RFD 4

Fisioterapeuta
Fisiotrauma Fisioterapia

Ex-jogador de Râguebi do Dramático de Cascais
Representou a Seleção Portuguesa de Rugby Union

FREDERICO MORAIS

RFD 4

Surfista
Top 10 World Tour da Liga Mundial de Surf

“Tive muita sorte de nascer na casa onde nasci, nesta família, uma família cujo mindset é precisamente querer sempre mais, lutar também sempre por mais. Posso dizer com orgulho que é a família de sonho e no que toca aos momentos mais difíceis, às lesões, felizmente, posso dizer que nunca tive muitas lesões graves e aquelas que tive foram tratadas impecavelmente pelo melhor fisioterapeuta de Portugal. Também aí sou um privilegiado. O sonho de qualquer atleta de alta competição seria ter um pai como o meu! Sou mesmo um sortudo!”
“A ignorância e a dificuldade em implementar uma educação física apropriada obrigou-me a canalizar toda a minha vontade e toda a minha paixão para começar a mudar as coisas. Com alguma competência à mistura, se me permite. Mas felizmente, com muito trabalho, as coisas foram gradualmente mudando e penso ter contribuído em parte para essa alteração. E em respeito pela verdade, devo dizer que no quadro específico da fisioterapia, quando regressei à ilha, eu e a minha equipa fomos absolutamente pioneiros.”

ANTÓNIO LOPES

RFD 5

Fisioterapeuta
Fisiolopes

ANTÓNIO GASPAR

RFD 6

Fisioterapeuta
Clínica António Gaspar

“Penso que se nós não procurarmos o trabalho em equipa, parte do conhecimento inevitavelmente vai perder-se. Sozinho ninguém consegue reunir todos os elementos e otimizar a aprendizagem. Talvez a alta competição proporcione os exemplos maiores sobre isto. A base do êxito é a partilha e o estreitamento das relações estabelecidas entre todos os profissionais. Só assim se consegue ir mais longe, fazer melhor. Se todos percebermos que há um interesse comum e soubermos fazer o aproveitamento do contributo de cada um, o resultado final pode ser quase explosivo. Nunca me desviei desta ideia.”
“No entanto, creio que a imagem tem vindo a ser cada vez mais no sentido de os portugueses reconhecerem que os fisioterapeutas têm uma formação de nível superior, prestam um contributo próprio no contexto das profissões de saúde e possuem uma grande competência para a resolução dos seus problemas. Na área do desporto, por exemplo, há certamente um reconhecimento público, muito merecido. Com a atual pandemia revelou-se também mais evidente o nosso contributo insubstituível, necessariamente interdependente com os restantes elementos das equipas de saúde. Temos pela frente o grande desafio de projetar uma imagem mais homogénea, mas também mais aprofundada do perfil profissional e da diversidade das áreas em que a nossa intervenção contribui para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, proporcionando ganhos em saúde.”

ANTÓNIO LOPES

RFD 7

BASTONÁRIO
ORDEM DOS FISIOTERAPEUTAS

RUI VITÓRIA

RFD 8

Treinador de Futebol
Ex-jogador de futebol
Professor de Educação Física

“(O fisioterapeuta) enquanto integrante de uma estrutura que visa sempre melhorar a relação e o rendimento dos atletas. Estes podem estabelecer relações muito fortes com o fisioterapeuta. Um profissional de competência entra facilmente na cabeça do jogador e não raramente desbloqueia situações que nos resolvem problemas em prazos muito mais apetecíveis, convenientes para a antecipação de resultados. E olhe que às vezes são pormenores. Costumo dizer que por um prego se perde uma ferradura, por uma ferradura se perde um cavalo, por um cavalo se perde uma batalha e por uma batalha se perde uma guerra. Um fisioterapeuta que desenvolva a preceito o seu trabalho, nomeadamente no campo da recuperação de jogadores, é uma mais-valia preciosa, que pode ajudar a construir ganhos marginais na ordem dos 10 a 15 por cento.”
“O futuro da fisioterapia e de todas as profissões na área da Saúde é a especialização. É esse o fator de diferenciação no mercado e a forma que temos para melhor servir o nosso cliente. Por isso, reconheço que é pertinente falar em áreas de atuação dentro da fisioterapia. No entanto, falar de fisioterapia como área-mãe faz todo o sentido quando pensamos que todos os fisioterapeutas partilham também muitas características, como o conhecimento que adquirem durante a sua formação base e a sua missão específica. Haverá sempre fatores de distinção, mas há certamente também muitos de aproximação.”

ANA GONÇALVES

RFD 9

Fisioterapeuta & Coaching
Fisiotorres

FRANCISCO MIRANDA

RFD 10

Fisioterapeuta Coordenador
Sporting Clube de Braga

“(A Fisioterapia) tem evoluído nos últimos tempos, é mais capaz de formar e de formatar os seus alunos e futuros profissionais, para estarem mais preparados, sobretudo na área da investigação.
Creio que nos cursos, se poderia insistir mais na diversidade e na especificidade… mas os tempos são promissores!!!”
“Numa fase inicial da carreira, o fisioterapeuta tem dificuldade em ser integrado numa determinada área, específica ou preferencial, usando outra palavra. Por norma, os recém-licenciados iniciam-se com um trabalho mais generalista e sem grande autonomia. São contratados e sem vínculo à entidade, o que, por norma, proporciona uma certa instabilidade profissional e também económica. Também poderão não ter um horário completo, o que obriga a trabalharem em diferentes locais perfazendo por vezes um número de horas absurdo, excessivo. Mas, apesar destas contrariedades, e pensando de um modo positivo, esta passagem por uma experiência generalista, contactando com todo o tipo de patologias, com todo o tipo de utentes e com diferentes condições de trabalho, poderá redundar num processo de aprendizagem e de consolidação dos conhecimentos teórico-práticos adquiridos no curso de graduação. E este processo não é de forma alguma desprezível no quadro do reconhecimento da sua verdadeira área preferencial de atuação, potenciando quer a forma de direcionar a sua formação para a mesma quer os “caminhos” escolhidos para a alcançar.”

Luísa Amaral

RFD 11

Fisioterapeuta & Coaching
Fisiotorres