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ARTIGO

VARIABILIDADE DE COMPETÊNCIAS MOTORAS APÓS LESÃO DESPORTIVA

RFD Nº06

VARIABILIDADE DE COMPETÊNCIAS MOTORAS APÓS LESÃO DESPORTIVA

 

 

 

 

Prof. Doutor Nuno Cordeiro

 

Professor Coordenador na Área Científica de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias
Instituto Politécnico de Castelo Branco

Aquando de uma lesão no desporto, a retoma à atividade desportiva acontece tanto melhor quanto o sistema de controlo motor (SCM) melhor aprender a lidar com a mesma. Espera-se que a retoma funcional ocorra da melhor forma possível no sentido de se obter o nível competitivo detido pelo sujeito em período pré-lesão.

Mesmo que o nível pré-lesão venha a ocorrer e se readquiram os níveis de performance e capacidade desportiva habitual no desportista, é de esperar, contudo, que as competências motoras não se apresentem tal qual se apresentavam antes da lesão ocorrer, isto porque o SCM teve de encontrar vias alternativas de tornar o movimento possível face às novas condições e desafios.1

Tomando como exemplo a rotura do ligamento cruzado anterior do joelho (LCA), há muito que se convencionou que a retoma anatómica da arquitetura de um neoligamento não é suficiente para a completa recuperação do sujeito, tendo a fisioterapia que assumir o papel preponderante na reeducação do movimento nos diferentes patamares do SCM, onde se incluem, entre outros, a adaptação do funcionamento da função neuromuscular como base fundamental para a normal função articular após a cirurgia.2 Neste exemplo, a proteção articular que a contração dos músculos peri-articulares do joelho oferece está intimamente ligada ao grau de recuperação da capacidade destes, fazendo os valores da tensão do LCA variarem com a contração simultânea dos músculos quadricípite e isquiotibiais3, onde pela via dos processos coordenativos, os mesmos se comportam em modo co-contração ou modo enervação reciproca, dependendo da velocidade de execução dos movimentos ou do grau de confiança para a execução dos mesmos detido pelo sujeito.4-6

Subsiste, contudo, a incerteza relativa à forma de reorganização do movimento pelo SCM de forma a garantir, por um lado o movimento normal e, por outro, a proteção efetiva do neo-ligamento.7 Acresce que para este ponto, não conta apenas a estratégia escolhida pelo SCM para otimizar o registo neuromotor, mas igualmente a forma como o mesmo consegue ser reproduzido de forma competente, uma vez atrás de outra, e assim sucessivamente, durante várias repetições dum movimento com características semelhantes.

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