ARTIGO DE OPINIÃO
O Papel do Fisioterapeuta no Desporto – A necessidade e benefícios da Unificação de Competências
RFD Nº03

O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NO DESPORTO – A NECESSIDADE E BENEFÍCIOS DA UNIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
JOÃO NOURA
Fisioterapeuta
Prática Clínica Privada
PORTO
No longínquo mês de novembro de 2004 decorria no Estoril uma Reunião Geral do International Federation of Sports Physical Therapy (IFSPT), sub-grupo da antiga WCPT (agora World Physiotherapy).
Esta reunião no Estoril implica que Portugal tenha um lugar indelével na história da “especialização” dos Fisioterapeutas na área desportiva – foi neste evento que foi aprovado o documento responsável por ter estabelecido o Perfil de Competências do Fisioterapeuta no Desporto.1 Mas até que ponto é que este documento, aprovado cá, vem regendo e universalizando a operacionalização das tarefas e da qualidade das práticas da Fisioterapia no Desporto em Portugal? E quais são as implicações de isto (não) acontecer?
Em que consiste a Fisioterapia no Desporto atualmente?
Ao meu conhecimento, existem poucos estudos exploratórios sobre o perfil do fisioterapeuta a atuar no desporto em Portugal, e mesmo os que existem providenciam maior enfoque na caracterização demográfica e contratual do que nas estratégias de operacionalização das tarefas e funções, com indicações apenas sobre a contribuição naquilo que é a implementação de planos de prevenção de lesão – nestes, 1 em cada 4 fisioterapeutas reconhece não o fazer.2 Por esta ausência de informação se vê que a identidade profissional do Fisioterapeuta no Desporto é um vazio, o que é um dos pontos que, na minha opinião, contribui para a perceção de desvalorização do nosso trabalho neste meio de atuação.
Não querendo correr o risco de explorar e descrever, de forma anedótica e meramente empírica assente nos meus próprios viéses, qual o perfil real do Fisioterapeuta no Desporto, o que creio ser mais ou menos consensual é que os fatores que promovem esta desvalorização são vários, complexos, e nem todos dependem diretamente de nós (Figura 1). Assim, enquanto não definirmos de forma transparente e honesta aquilo que deve ser o campo de atuação, funções, tarefas e atitudes do Fisioterapeuta, torna-se difícil perceber se o trabalho realizado em campo vai de encontro ao esperado, e assim educar novos profissionais a serem efetivos e válidos neste contexto. Assim, no capítulo seguinte, proponho uma pequena reflexão sobre algumas das dimensões que seriam pertinente abordar e nas quais teremos de refletir se queremos que a Fisioterapia no Desporto seja uma área de interesse de valor acrescentado, e não apenas uma quantidade (desconhecida) de Fisioterapeutas a trabalhar em clubes de forma anárquica.